O XX Encontro do Setor das Instituições Estaduais, Municipais e Distrital de Ensino Superior (Iees/Imes/Ides) do ANDES-SN aconteceu no Rio de Janeiro (RJ) dos dias 18 a 20 de Outubro. Reuniu mais de 60 participantes, entre representantes de 29 seções sindicais do Setor, diretores e diretoras do Sindicato Nacional, convidadas e convidados, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
A Adcesp compreende esse espaço como fundamental na definição das questões específicas desse setor e esteve presente nos debates. A abertura do evento, na sexta-feira (18), teve como tema “Autonomia e Condições de trabalho nas Universidades Estaduais, Municipais e Distrital”, além de um painel das lutas empreendidas pelas centrais sindicais durante todo o ano. Os movimentos tiveram como eixos centrais a luta pela autonomia, pela carreira e pelo financiamento das Iees, além das questões salariais.
A professora Rebeca Hennemann participou do encontro e chama atenção para o fato de que essas questões, em larga medida, são comuns ao conjunto do ensino superior público: precarização, desqualificação ampliada e a exigência de uma vigilância constante para manter as universidades existindo.
O debate sobre a criminalização das lutas, assim como a mobilização por carreira e autonomia das Iees, Imes e Ides abriu os trabalhos do segundo dia do encontro (19). Para Hennemann o ambiente universitário tem se mostrado hostil em relação às lutas. “Não apenas a perseguição e a criminalização dos docentes e das nossas lutas tem sido cotidiana na universidade, como também tem se exercido de diferentes formas como tentativa de assujeitar e expelir qualquer prática não elitista e que problematize os discursos totalitários e fatalistas. Importante chamar atenção sobre como a criminalização tem sido utilizada como instrumento de racismo institucional”, afirma.
As condições de trabalho e o adoecimento docente recebeu destaque nos debates pois é uma preocupação neste cenário de desmonte estrutural e psicossocial da universidade.
A Professora Rebeca Hennemann diz que as condições críticas do trabalho docente não são mera coincidência. “Trabalhando em condições de exploração ampliada, nós estamos cada vez mais doentes, acometidos de enfermidades direta ou indiretamente relacionadas ao tipo de trabalho e às péssimas condições laborais. Nosso adoecimento, que é evitável, parece ser parte de um projeto mais amplo de desmonte da universidade, pois, se não nos expulsam com processos esdrúxulos que criminalizam nossos direitos, nos adoecem física e mentalmente”, defende.
Sobre as condições de trabalho e saúde dos docentes, o ANDES-SN está realizando uma pesquisa em todo o país. Acesse aqui.
Em geral o evento reforçou a necessidade de organização coletiva em defesa dos direitos docentes e de um projeto de sociedade que não pode ser desvinculado da universidade pública, gratuita, de qualidade e democrática em seus processos e práticas mais cotidianas.