Em Assembleia, docentes debatem sobre as implicações da inserção de até 40% de ensino EaD nos cursos presenciais da UESPI

Em Assembleia Geral Virtual realizada nesta terça-feira, 02 de Agosto, os docentes da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) debateram sobre as implicações da inserção de até 40% de ensino EaD nos cursos presenciais da universidade. Convocada pela Coordenação Estadual da ADCESP – Seção Sindical dos Docentes da UESPI, a Assembleia contou ainda com participação do Prof. Dr. Mauro Titton, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista no assunto.

A Assembleia teve início com a leitura e aprovação da ata da última assembleia e, em seguida, a Professora Rosângela Assunção, Coordenadora Geral do Sindicato, abriu os trabalhos, apresentando a pauta a ser debatida e também o Professor convidado, Mauro Titton, Mestre e Doutor em Educação e Pesquisador do Grupo GIPE (Grupo de Pesquisa em Política Educacional), para contribuir com a discussão a partir da perspectiva de estudo sobre educação e a implementação do EaD nas universidades públicas brasileiras

A iniciativa surge a partir das inúmeras dúvidas originadas pelas “recomendações” feitas pela Administração Superior da UESPI aos departamentos, colegiados e coordenações de cursos da Universidade, sobre o aumento de 20% para 40% da modalidade EaD nos cursos presenciais, sobretudo os de licenciatura. Sugerindo, inclusive, que essas alterações sejam inseridas nos projetos pedagógicos de cursos (PPCs). Essa recomendação se baseia na Resolução de nº 544, publicada no Diário Oficial da União em 16 de junho de 2020 pelo Ministério da Educação e apelidada de “REUNI Digital “. Esse projeto vem sendo nacionalmente rejeitado pelas bases sindicais e pelo ANDES – Sindicato Nacional.

Durante a Assembleia, os/as professores/as associados/as à ADCESP demonstraram preocupação em relação a essas alterações, que modificam os PPCs sem que antes haja um debate mais amplo acerca do assunto. Para o Professor Mauro Titton, o que está prestes a acontecer na UESPI é parte de um projeto nacional que deve afetar diretamente a qualidade de ensino, a partir da precarização das condições de trabalho e estudo e do ataque à autonomia dos docentes, criando fragilidades na situação da educação em todos os âmbitos.

 

“Essa proposta é para tirar a autonomia do corpo docente, com uma proposta de metodologia que é ideológica (embora digam que não é). Não há preocupação com a base curricular, a justificativa para precarização é falar sobre avanço tecnológico, mas isso que está sendo proposto é para destruir a carreira de docência” destacou o Professor.

O Professor Mauro alertou ainda sobre o discurso que vem sendo montado para defender a implantação da modalidade EaD nos cursos presenciais. Segundo ele, quem se posiciona contra esse modelo vem sendo atacado como “negacionista” dos avanços tecnológicos, como se fossem pessoas que negam o uso das novas tecnologias da comunicação e informação na educação e, por consequência, negam o progresso e o desenvolvimento. “Na verdade, ser contra esse modelo não é negar a importância das tecnologias na educação, mas é refletir acerca da melhor forma de utilizá-las nos ambientes acadêmicos, para que isso não se converta em um processo de precarização da educação e do trabalho docente”, afirma Mauro.

Com ampla participação, a Assembleia foi encerrada ao meio-dia, mas ainda sem esgotar os debates necessários para apontar caminhos e propostas acerca da realidade da UESPI. Dessa forma, a fim de levantar ainda mais elementos sobre o tema, a Diretoria da ADCESP propôs uma nova Assembleia Geral, a ser realizada na próxima terça (09), para pensar saídas e posicionamentos coletivos.