UNIVERSIDADE DO FUTURO: Qual a UESPI que estamos construindo para os próximos 34 anos?

A pandemia da Covid-19 trouxe novas demandas para as universidades e acentuou velhos problemas. Longe de inaugurar um novo formato para o ensino superior, a maior crise sanitária e humanitária do século escancarou as desigualdades que sustentam o sistema capitalista. O funcionamento das universidades foi posto em cheque e o trabalho remoto tornou-se um grande desafio para a maioria das instituições de ensino do país.

Na UESPI, que completou 34 anos na semana passada, o desejo pela implantação de aulas remotas esbarra na realidade social da maioria dos estudantes. Paralelo a isso, a qualificação tecnológica do corpo docente nunca foi uma preocupação das gestões que estiveram à frente da UESPI. Uma soma de fatores, que mistura falta qualificação técnica, falta de equipamentos e até mesmo acesso à internet.

Em 34 anos de existência, a Universidade não conseguiu debater os avanços tecnológicos alinhados à educação. A falta de investimentos é um dos fatores históricos que impedem esses avanços, mas existem outros. A Educação à Distância, que tinha grande potencial para avançar no uso das tecnologias na educação e sempre foi colocada como ferramenta de “democratização do acesso à universidade”, vem na verdade distanciando cada vez mais o tripé ensino-pesquisa-extensão e colocando em cheque a qualidade de formação no ensino superior.

São mais de três décadas de “pires da mão”, estudando e pesquisando os avanços sociais e tecnológicos no Piauí, mas convivendo com o atraso, a falta de infraestrutura e de recursos financeiros.

Obras da biblioteca paradas há quase de 3 anos.

O que nos espera pós-pandemia ou nos próximos 34 anos ainda são incertezas, mas a certeza que move a comunidade acadêmica da UESPI é que não serão tempos fáceis e que, mais uma vez, nossa capacidade de luta e mobilização será posta a prova, para defender a universidade pública, gratuita e qualidade.

O distanciamento dos corpos nos mostrou que o diálogo é central para a construção de uma universidade pública de qualidade. As contradições imposta pela Pandemia nos mostram que a Universidade do futuro não será aquela que melhor desenvolver suas ferramentas tecnológicas, mas aquela que melhor dialogar os impactos disso na humanidade.

A universidade do futuro precisa oferecer qualidade e condições de permanência para estudantes; precisa ter respeito ao corpo docente, com valorização salarial e de carreira (diferente do que acontece hoje na UESPI, onde a categoria está há 6 anos sem reajuste salarial); a universidade do futuro precisa acolher a diversidade, combater a desigualdade e contribuir cientificamente para a melhoria da vida das pessoas; e o mais importante: a universidade do futuro precisa focar nas pessoas e não nas máquinas.

Se no presente, resistência e luta foram os elementos que nos trouxeram até aqui, não temos dúvidas que serão eles também que devem nos mover rumo à universidade do futuro, nos próximos 34 anos.